Atualmente o treino de força tem sido utilizado durante a fase de
preparação especial em praticamente todos os esportes. A utilização dos
exercícios resistidos surge, em parte da necessidade de prevenir lesões
decorrentes do treinamento ou competição, mas indubitavelmente sua maior
aplicação está na necessidade de aprimoramento das capacidades musculares tais
como: hipertrofia, força, velocidade, potência, etc. A pliometria é considerada
o método mais eficiente para desenvolver e aprimorar determinadas valências
físicas, tais como: força, potência e velocidade. Método ao qual já é muito
propagado mundialmente e faz parte do programa de treinamento de diversas
modalidades esportivas, não só de esportes que utilizam saltos e arrancados
(voleibol, basquete, atletismo, futebol, lutas), mas também de desportos
cíclicos como ciclismo ou remo.
O idealizador desse método foi o Professor Doutor Yury Verkhoshanski,
uma das maiores autoridades mundiais em treinamento desportivo. Chamado por ele
de método de choque, a pliometria surgiu no final dos anos 50 e rapidamente
começou a ser difundida por todo mundo, uma vez que ótimos resultados haviam
sido obtidos por Verkhoshanski, que na ocasião era o principal treinador de
Moscou e da sociedade estudantil de atletismo russa.
De acordo com Verkhoshanski, o método de choque (pliometria) é
destinado ao desenvolvimento da força rápida e da capacidade reativa do
aparelho neuromuscular (VERKHOSHANSKI, 1998). O treinamento consiste em
aprimorar a capacidade de realizar a reversão da fase excêntrica para a fase
concêntrica o mais rápido possível, possibilitando que os músculos aproveitem o
potencial de tensão elástica da fase excêntrica e a somem à energia cinética da
ação concêntrica, resultando em um aumento da capacidade de gerar força total.
Em outras palavras, esse trabalho é caracterizado pelo estiramento rápido dos
músculos colocados previamente em tensão, que desenvolvem um esforço potente e
explosivo nesse momento. Existem várias formas de treinamento pliométrico, e o
simples fato de saltar barreiras ou mesmo pular cordas pode ser considerado
como pliometria. Entretanto os métodos mais conhecidos e eficientes são os
saltos profundos e saltos com barra. O salto profundo consiste em cair de um
banco ou plinto e saltar imediatamente, pode ser utilizado com o peso do
próprio corpo e variando a altura do plinto, ou também com coletes para
aumentar a carga. Salto com barra consiste em realizar saltos rápidos e
consecutivos com uma barra nas costas.
Diversos estudos tem demonstrado a eficiência da pliometria no
desempenho dos saltos (MATUVULIJ et al, 2001; MCLAUGHLIN, 2001; NEWTON et al,
1999), com aumentos significativos na capacidade de salto em altura de até
10,2cm em indivíduos não treinados (FLECK & KRAEMER, 1999). Outros
benefícios também podem ser obtidos com a implementação desse método de
treinamento. MASAMOTO e colaboradores, em 2003, fizeram um estudo onde
comprovaram que a realização de saltos profundos antes do teste de 1RM
aumentava significativamente o desempenho do agachamento em indivíduos
treinados, demonstrando que a pliometria ajuda em esportes como halterofilismo.
Outro efeito positivo da pliometria pode ser relacionado ao retardo do início
da fadiga muscular da corrida em corredores de longa distância (TURNER et al,
2003).
Treinos pliométricos também podem ser utilizados na prevenção de
lesões. Um estudo realizado em 1996 demonstrou efeitos significativos na
estabilização dos joelhos e prevenção de lesões em atletas do sexo feminino.
Segundo os autores um programa de treinamento pliométrico diminui o pico de
impacto no momento de aterrissagem em até 22%, graças ao aprimoramento e
controle neuromuscular decorrentes dos treinos de saltos (HEWETT et al, 1996).
Outro estudo demonstrou que o ligamento cruzado anterior pode ser melhor
“protegido” por atletas de futebol que realizam treinos pliométricos. A
explicação disso deve-se ao fato da pliometria desenvolver a velocidade de
resposta do aparelho neuromuscular, possibilitando assim que os atletas realizam
manobras rápidas e inesperadas com menor grau de risco (DIALLO et al, 2001). O
treino pliométrico realizado por um longo período de tempo também ajuda no
aumento da massa óssea (WITZKE et al, 2000) prevenindo assim a osteoporose.
A pliometria é uma arma poderosa para desenvolver a potência muscular e
pode ser engajada em qualquer modalidade que necessite de velocidade, força,
explosão, saltos etc.
Porém é importante salientar que existe o risco de lesões, e geralmente
elas ocorrem pela falta de preparação muscular do desportista, volume de
treinamento exagerado e uso de alturas de plintos incorretas ou mesmo pavimento
e área de aterrissagem imprópria. Um
estudo aprofundado do tema é necessário para poder prescrever de forma segura e
eficiente um treinamento pliométrico.
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